Pêlos no sovaco
Uma tarde de verão num parque ou lago de Berlim pode equivaler a um curso intensivo de cultura alemã. Nudez generalizada e mulheres com pêlos no sovaco funcionam como uma metáfora da sinceridade nua e crua, do individualismo, do ateísmo, do feminismo, da liberdade, da falta de sensualidade, do ateísmo, da origem bárbara.
E será que um brasileiro se espanta menos que outro estrangeiro com tantas genitálias bem arejadas? O mais provável seria pensar que sim. Afinal, com o Carnaval estabeleceu-se no senso comum o estereótipo do brasileiro sexualmente liberado. Mas cá entre nós, que estamos a par das fofocas, está claro que se trata de um escândalo!
Muitos de fora ignoram que no Brasil é permitido ficar pelado em público somente em praias de nudismo, que em geral ficam depois da trilha pelo mato, dobrando a curva, subindo e descendo o morro, seguindo reto toda a vida... Sempre bem longe das gentes decentes e famílias católicas.
O topless ainda causa polêmica, mas está mais difundido em algumas praias e é aceito com mais naturalidade no Carnaval. Mas em hipótese alguma genitálias expostas e mulheres com pêlos no sovaco! Homem nu é patético e menos macho. Homem nu só pega bem com ereção e entre quatro paredes. Mulher nua é assanhada, vulgar. Mulher nua, só se for seminua e depiladíssim!
A depilação feminina é uma prática profundamente enraizada na cultura brasileira. Qualquer mulher sabe que é um ato de violência contra o corpo e, em alguns casos, um trauma. Muitas delas deixariam os pêlos crescerem livremente, não fosse “o que os outros vão dizer de mim!” e o medo de desagradar aqueles homens que preferem exercer o monopólio absoluto sobre os pêlos.
Nas entrelinhas do seminu brasileiro Também se podem ler outras características culturais. A religiosidade, por exemplo. No país com o maior número de católicos do planeta, a nudez segue sendo pecado. Outra característica é a sinceridade oblíqua, que se torna mais evidente quando conhecemos o alemão tão cruamente sincero. Porque muitas vezes o seminu poderia muito bem ser nu e não faria diferença alguma: é como uma mentirinha só para não machucar o outro.
Mas o efeito fundamental do seminu é o charme. O corpo seminu tem certa aura de mistério, um gostinho de “quero mais”, deixa espaço para a fantasia e, por isso, é sensual e erótico. Já o nu é direto demais, mostra tudo e, assim, perde o encanto. E o que comprova isso é a extrema indiferença que pode ser observada nos parques e lagos de Berlim. Rege a lei do “ninguém olha ninguém”. Que gente mais esquisita!
Partindo de outra perspectiva, essa invisibilidade do nu também tem seu aspecto positivo: a liberdade e o respeito pela individualidade. Mesmo para o estrangeiro que ficou chocado num primeiro momento, a nudez torna-se normal com o passar do tempo. Certamente muitos gostariam de se desnudar nas tarde de verão, mas... “e se passar alguém conhecido, o que dirão de mim?”. Deve ser uma delícia ficar com tudo exposto ao sol e ao vento despreocupadamente...
Para muitos, no entanto, ainda é doloroso despir-se da vergonha e do medo. É um embaraço. Um apelo ao assédio sexual no caso das brasileiras. O falso estereótipo da mulher disponível está muito propagado e, com freqüência, elas são vítimas de desrespeito em lugares púbicos ou durante o seu trabalho. Como o caso de uma dançarina que faz um desabafo: “estar nu em parque ou praça pública não é pornografia, mas sambar de biquíni é, certo?”
Vestido, seminu ou nu, com pêlos ou depiladíssimo, o corpo humano é belo e merece respeito em todas suas formas, movimentos e cores. Oxalá chegue o dia em que o corpo deixe de ser um tabu e possamos todos livremente nos expor nus ao sol! E que possamos todos ficar uns olhando aos outros! Daria uma bela foto! Pena que quando esse dia chegar, quem sabe, o sol já seja cancerígeno demais. O mundo não é perfeito!
Mas o efeito fundamental do seminu é o charme. O corpo seminu tem certa aura de mistério, um gostinho de “quero mais”, deixa espaço para a fantasia e, por isso, é sensual e erótico. Já o nu é direto demais, mostra tudo e, assim, perde o encanto. E o que comprova isso é a extrema indiferença que pode ser observada nos parques e lagos de Berlim. Rege a lei do “ninguém olha ninguém”. Que gente mais esquisita!
Partindo de outra perspectiva, essa invisibilidade do nu também tem seu aspecto positivo: a liberdade e o respeito pela individualidade. Mesmo para o estrangeiro que ficou chocado num primeiro momento, a nudez torna-se normal com o passar do tempo. Certamente muitos gostariam de se desnudar nas tarde de verão, mas... “e se passar alguém conhecido, o que dirão de mim?”. Deve ser uma delícia ficar com tudo exposto ao sol e ao vento despreocupadamente...
Para muitos, no entanto, ainda é doloroso despir-se da vergonha e do medo. É um embaraço. Um apelo ao assédio sexual no caso das brasileiras. O falso estereótipo da mulher disponível está muito propagado e, com freqüência, elas são vítimas de desrespeito em lugares púbicos ou durante o seu trabalho. Como o caso de uma dançarina que faz um desabafo: “estar nu em parque ou praça pública não é pornografia, mas sambar de biquíni é, certo?”
Vestido, seminu ou nu, com pêlos ou depiladíssimo, o corpo humano é belo e merece respeito em todas suas formas, movimentos e cores. Oxalá chegue o dia em que o corpo deixe de ser um tabu e possamos todos livremente nos expor nus ao sol! E que possamos todos ficar uns olhando aos outros! Daria uma bela foto! Pena que quando esse dia chegar, quem sabe, o sol já seja cancerígeno demais. O mundo não é perfeito!